Goiabada sem queijo
Dia especial, a vovó vai visitar a netinha amada lá longe. Hora de curtição, precisa ser aproveitada ao máximo. Conversa para cá, conversa para lá, a pequena mostra vídeos para vovó, cantam em conjunto. Aqueles dedinhos, rápidos na tela, atestam a grande brecha entre gerações. Quem se importa com isso? A vovó também é craque. Enfim, uma festa.
De repente ela fala para a avó:
- Quero ver “Fico assim sem você” da Adriana Calcanhotto!
E antes que a vovó pudesse se lembrar que música era aquela, já no ar se ouvia a melodia:
“Avião sem asa,
fogueira sem brasa,
sou eu assim sem você.
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
sou eu assim sem você.”
E ela joga seu corpinho para lá e para cá, rindo e cantando. “Num doce balanço”, como diria o Vinicius.
Com ritmo e ginga, continua:
“Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
sou eu assim sem você.
Carro sem estrada,
queijo sem goiabada,
sou eu assim sem você.”
Quem resiste? A vovó entra na onda e canta junto.
E assim foi, vezes e vezes.
Finalmente, ela dá uma parada. Daí, então, com um sorriso sério, ela solta:
Sabe, vovó? Eu gosto muito desta música!
-Eu também!
Põe a mãozinha no coração, dá um suspiro e completa:
-Eu sinto uma coisa aqui e me lembro do Pepinho toda vez que ela canta!
E aí estava revelado o segredo infantil! Aos quatro anos, a primeira paixão-amizade.
Daí, ela puxa a vovó pelas mãos e sai saltitando pela sala... Fazendo coisas que crianças precisam fazer!