Eu queria que meu país fosse assim, como uma manhã tão bonita de sol, manhã de Carnaval. E eu estou esperando que ele chegue, o Carnaval. E, quando ele chegar, cantarei como o Chico, que estou vendo a barra do dia surgindo, pedindo para a gente cantar. Talvez o dia não seja tão bom assim e eu, então, vou reconhecer a queda, não vou não desanimar. Vou levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Afinal, este é o Brasil das fontes murmurantes, onde eu mato minha sede e onde a lua vem brincar. Até me esqueci que um dia a nossa pátria mãe tão distraída, dormia, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações. Ainda bem que posso me consolar, vendo a garota de Ipanema, indo num doce balanço, caminho do mar. E ela nem sabe que meus olhos a seguem, pelas ruas, muito menos como é sincero meu amor. Se ela soubesse, não fugiria mais de mim. Às vezes, porém, penso que minha pátria é a Geni. Que seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes, é de quem não tem mais nada. Por isso, eu choro, me esqueço das lindas morenas e mulatas que povoam nosso paraíso tropical.
E, então, fico com pena da Geni, fico com pena do Brasil!
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Essa vida da gente
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 31/03/2015
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