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A grande libélula
Curumim estava olhando para o céu, procurando aves. Os grandes tinham saído para caçar na floresta. Ele gostaria de ter ido, mas era muito pequeno. Curumim gostava das aves do céu, do azul do céu, da imensidão do céu. Amava o verde da floresta, o barulho das águas correndo entre as pedras.Naquele dia seu coraçãozinho de índio estava inquieto. Quando alguma coisa importante estava para acontecer sua alma ficava assim mesmo: tremendo, tremendo. Será que os deuses da floresta estão zangados, ele pensava. Não demorou muito para ele entender a razão de tudo. O som de muitos trovões, assustadores, sinistros, sobrepondo-se uns aos outros como se fosse o tambor de muitas tribos numa guerra imensa. Aquele barulho denso, grave, confundia-se com o som agudo dos pássaros que fugiam daquele enorme ser. Não havia nenhum adulto perto dele, por isso ele correu e se escondeu atrás de algumas árvores. Foi então que ele viu. Uma enorme libélula, de asas enormes, que tremiam sem parar, foi se aproximando do chão. O movimento incessante fazia as folhas das árvores e os pequenos arbustos se agitarem freneticamente. O seu gigantesco ventre, de repente, se abriu. Um ovo grande, do tamanho de um dos mais valentes guerreiros da tribo, de lá saiu. Sumiu na floresta e o grande inseto novamente subiu. Um som estrondoso. Aos poucos foi sumindo na imensidão de anil. Agora, apenas mais um pássaro no céu. Curumim sabia que, em breve, uma grande libélula iria nascer. Mas ele nunca mais as viu: nem a mãe nem o filho que do ovo nasceu.Curumim cresceu e guardou aquilo na memória. Saiu da tribo e foi morar com os homens brancos que estavam invadindo tudo. Construindo malocas enormes de concreto no lugar das casas dos valentes guerreiros. Muitas vezes ele viu helicópteros novamente, mais bonitos e maiores, mas para ele, aquele primeiro foi sempre uma impressionante libélula.O ovo que de lá saiu, ele nunca soube, era um pesquisador chamado Miguel...
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 27/01/2015
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