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O Nino Belvicino e a situação mundialEu notei que, ultimamente, meu grande amigo Nino tem estado muito preocupado. Não vai bem com sua personalidade e por isso, finalmente perguntei o que estava acontecendo. Ele não queria falar sobre o assunto, mas finalmente se abriu. Estava preocupado com a situação mundial. Eu ponderei com ele que era um absurdo se incomodar com um assunto tão longínquo, abstrato, etc. Ele ficou um pouco assustado com minha falta de sensibilidade social ou histórica. Até citei uma frase dele mesmo para reforçar meu ponto de vista. Quando estavam falando, há um tempo atrás, sobre o fim do mundo (aquela história do calendário Maia), ele comentou que o final do mundo acontece a todo segundo. Para quem morre, o mundo acaba. O fim do mundo segundo você mesmo, ponderei, é apenas a coincidência de todos morrerem no mesmo momento. Ele deu uma risada sem graça e me explicou que o problema não era morrer. O importante, no caso, era o fato de ser um evento apocalíptico. Uma guerra nuclear, ou uma guerra mundial, seria, também, o sinal definitivo de que havíamos falhado como seres humanos, como civilização.Aí eu entendi o momento que o Nino estava passando. Eu só não entendia uma coisa. Até há algum tempo atrás, ele estava tão animado com o progresso da humanidade, tanta evolução. Estava claro que jamais o homem faria uma besteira tão monumental, pela terceira vez. Ele me perguntou, pacientemente, se eu não estava percebendo. Percebendo o quê? Quase irritado com minha ingenuidade, ele esclareceu. Nesses últimos meses, havia tanta irracionalidade, tanta bestialidade acontecendo, que, para ele, estava óbvio que o improvável não era tão improvável assim. Havia, agora, um clima no mundo, provavelmente semelhante ao que antecedeu às duas grandes guerras. E eu acreditei nele.Agora estou com medo, também.
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 12/01/2015
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