Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

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O assento da cadeira e o acento da palavra
 
O assento, da cadeira, é claro, não tem acento, pois é uma palavra paroxítona terminada em “o”. Cadeira, por outro lado, também não tem acento, embora tenha assento, conforme explicado. Se uma firma comprar cem cadeiras, pode-se  dizer que comprou um cento das ditas cujas. Assim, com certeza, o dono vai poder dizer ”eu me sento numa das cadeiras que comprei”. Assim, não confunda “cento” com “sento”. O acento pode ser grave, agudo, ou circunflexo. Estamos falando do acento gráfico.  Quase todas as palavras tem acento na pronúncia, ou seja, uma sílaba mais forte, a tônica. A maior parte delas não tem acento gráfico, porém. E é desse último que estamos falando aqui. Interessante, por outro lado, que a própria palavra acento não tem acento gráfico, assim como não o tem, também, a palavra assento. Mas isso eu já falei.
Ainda há mais. Existe o verbo assentar, que significa “tomar assento”, “fazer sentar”. Já o verbo “acentar” não existe. Manias da língua, não vejo por quê. Poderia siginificar fazer uma coisa cem vezes, ou algo assim. Mas não adianta insistir, pois a gramática já deixou assentado – entendido, registrado – que é desta forma. Consequentemente,  existe “assentado”, como ficou assentado, e não “acentado”. Conclui-se, igualmente, que não existe “assentuado”, embora exista “acentuado”. Na prática, existe. Porque há pessoas que insistem em escrever errado.
 
Já aprendemos que o acento pode ser agudo, grave, etc.  Embora o assento possa ser também, entre outras coisas, circunflexo, como o acento da gramática, embora não pensemos nele assim, ele é usado em outras circunstâncias. Uma delas, é grave: quando um piloto precisa usar um assento ejetável. Preciso acentuar ( assentar, também, por que não?) que isso pode ser grave ou agudo, dependendo de onde ele cair. Se o paraquedas dele não funcionar, então, ele pode até ir até o “assento etéreo”, dependendo das boas obras que fez. Mas isso já é um assunto completamente fora da minha alçada. Do verbo alçar. Não confundir com o verbo assar. Que, por sinal, não tem cedilha, pois não tem a letra “c” com  som de “esse”, quando faz sílaba com a, e, o. Cada coisa, acabei de me lembrar, esse – a letra do alfabeto – e esse – pronome demontrativo - têm pronúncias diferentes, mas nenhuma das duas têm acento. Mas, voltando à questão da cedilha, ela própria não tem cedilha. Claro, embora acompanhada de “e”, com som de esse, vem no começo da palavra. Sei lá, talvez devesse ter. Só por uma questão de coerência mental, pois coerência gramatical jamais iria ter. Termino aqui e isso fica assentado – como se escreve nos livros de cartório, às páginas tais e tais – que acabo de escrever uma crônica e não uma aula de Português. Foi apenas uma coincidência de assuntos (e não de assentos ou acentos).
 
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 06/06/2014
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