Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

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A mensagem

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Não eram pios, não eram cantos, não era chilrear. Era um som agudo, cheio de dor, aquele que os pássaros soltavam. Machucava os ouvidos. Dava um pânico interior. Elas estavam desesperadas, as pobres aves.
Esse foi o primeiro dia, ninguém falou nada, mas todos perceberam. À noite houve silêncio e todos puderam descansar.
No segundo dia aqueles verdadeiros gritos de dor recomeçaram. Eram lancinantes, penetrantes, insuportáveis. As pessoas começaram a falar sobre o assunto. Algumas até fizeram telefonemas, consultando especialistas. Era o assunto do lugar e da hora. Muitos colocaram tampões nos ouvidos para não escutar. Várias hipóteses surgiram. Estavam ficando doentes, vítimas de algo que as atacava e que causava muita dor. Dava muita pena dos animaizinhos. Os bichinhos do chão, porém, não eram afetados.
À noite veio o silêncio novamente e, depois, surgiu a manhã do terceiro dia. Para surpresa de todos, naquele dia reinava o silêncio. Não havia no ar uma ave sequer. Nem nas árvores, nem em lugar nehum. Todas haviam partido.
Junto com o alívio, veio a preocupação. Se estavam doentes, por que não morreram, por que teriam ido embora? Na manhã, foi o assunto da cidade.
Depois do almoço, havia muita gente nas ruas. Muita conversa, muito comentário. Até quem não costumava sair, naquele dia saiu. Queriam saber das coisas, saber das novidades. Havia gente como nunca antes, no centro e nos arredores.
Por volta das duas horas da tarde, algo aconteceu. De repente, todos começaram a ouvir um barulho surdo, vindo de longe. Parecia o motor de um avião, mas muito mais alto, como se estivesse muito perto.  Começaram então a se ouvir os primeiros gritos: olha, olha! Da parte sul da cidade, uma enorme aeronave vinha descendo rapidamente em direção ao centro. Uma das turbinas estava em chamas. Três minutos depois,  ela espatifou-se no chão. Tanques cheios, causou uma explosão catastrófica. Uma labareda enorme se levantou.
Morreram muitas pessoas.  Uma quantidade muito maior do que os ocupantes do avião. Coisa estranha, ali nem era rota de aeronaves.
Os sobreviventes então entenderam. Era isso que os pássaros estavam tentando avisar, mas ninguém decifrou a mensagem.
 

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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 04/01/2014
Alterado em 04/01/2014


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