Tem, ainda, uma pedra no meio do caminho
No meio da praia de Copacabana apareceu um idiota, apareceu um idiota no meio da praia. Logo, logo, me esquecerei desse idiota que pichou a estátua do nosso poeta maior, pois ele é um nada, um ignorante, que precisa ser esquecido. Quem não fica “mordido” com tanta falta de instrução, com tanta pequenez? Quis o destino, cruel, que o paspalho fosse de Minas Gerais. Os mineiros, gente boa, estão sofrendo como a gente, ou até mais, por ser de lá o poeta.
O que faz uma pessoa cometer um ato tão besta? Espero que, entre as muitas coisas que ele não sabe, uma seja que Drummond foi um dos maiores escritores brasileiros. Talvez isto possa mitigar, pelo menos um pouco, esse ato de vandalismo. Penso, por um momento, que ele seja apenas o resultado da situação geral da nação, de toda essa onda de absurdos que vemos por aí. A dignidade, o conhecimento, e o bom senso, são também atacados a todo momento. A boa vontade do povo é vandalizada a todo instante. O tal de...nem quero falar seu nome, seria apenas uma amostra da ignorância generalizada que se alastra pelo país?
Pois é, meu querido poeta, como você bem disse, “tinha uma pedra no meio do caminho” e nossas retinas tão castigadas, só podem confirmar: a pedra que lá estava, ainda lá está. Continua em nosso caminho e nós nunca nos esqueceremos desse acontecimento. Mais do que isso, poeta amado, o povo brasileiro, educado e culto, nunca vai se esquecer de você!
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No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra Carlos Drummond de Andrade Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 28/12/2013
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