Snowden, não sei se eu teria coragem
Ouviu o que não era para ouvir. Leu o que não era para ser lido. Descobriu o qeu não era para ser descoberto. Divulgou o que não era para ser divulgado. Mexeu com quem não era para mexer. Agora está num aeroporto que não é para se estar.
Não tem para onde ir. Para onde pode ir, não tem como ir. Para onde queria ser convidado, não foi. Não fica, não vai, não pode ficar. Muita gente te quer para heroi, muita gente te quer para processar, muita gente não sabe o que pensar. Para uns, heroi dos tempos modernos, para outros, traidor interesseiro e abominável.
Da próxima vez, programa melhor o que vai fazer, Snowden. Você trabalhava para a CIA, não pode dizer que não sabia.
Nem sei se queria saber tudo o que você sabia e que vazou. Saber demais, tal qual viver, é perigoso. Revelar tudo o que você revelou, bota perigo aí. Sou teu amigo, mas não conta para ninguém, não é coisa para se divulgar.
Uma coisa é certa, que você tem peito, você tem.
Vou dar um bom conselho. Dá um jeito de chegar no Paraguai. Pode ser na Bolívia também. Depois, atravessa a fronteira, vai pegando carona até chegar em Quixeramobim. Lá, você fala que seu nome é “Gringo”. Não sei se tem internet, mas se tiver, não usa não. Fica, quietinho, quietinho. Qu.em sabe a gente consegue um RG ou um CPF de alguém que já morreu? Não quero exagerar, mas quem sabe um CPF com pensão e benefícios? Prometo que não vou vazar para ninguém. Um dia, quando o Assange conseguir sair da embaixada, ele vai te visitar, pode se assegurar. Não existe lugar mais seguro no mundo, posso garantir. Lá, ninguém vai te achar.
Eu sei o que você está pensando. Como fazer para sair do aeroporto de Moscou? Bom, essa parte eu não sei não...
Blogs do autor: Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 14/07/2013
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