O livro
Fiquei com vontade de ler novamente “1984” em inglês, do George Orwell. Lá vou eu, como todo mundo, na internet, procurar meu produto. Já ali, me deu uma saudade da época da Rua Maria Antônia, onde eu ia até a livraria da faculdade procurar os livros que queria. Às vezes nem havia um “que eu queria”, para ser franco. Apenas tinha vontade de estar lá, passando pelas estantes, olhando. Pegava um, pegava outro, folheava. Vinha aquele cheirinho gostoso das páginas, junto com aquele barulhinho suave que elas faziam quando eu as manipulava. Era bom. Fazia parte de um conjunto, de tudo que eu vivia ali, daquele momento da minha vida e até do momento que o país todo vivia.
Eu era cercado de livros: na faculdade, em casa, no dia-a-dia. Acho que eles faziam até parte da minha alma. Amor antigo e persistente, nunca me livrei dele.
Pois bem, era a segunda vez que estava com aquele dilema. Compro uma cópia daquelas de verdade, com papel de verdade, com cheiro de livro, com jeito de livro...ou simplesmente baixo o texto no meu kindle?
A dúvida só persistiu alguns segundos. Ali, bem do meu lado, estava o “Grande Sertão: Veredas” do Guimarães Rosa, que eu tenho desde a época universitária. Quantas vezes passei por aquelas páginas e quantas lembranças me trouxeram de uma fase tão boa. O Rosa me fez decidir. Cliquei na opção do livro de verdade, físico, consistente. Ia demorar uns dois dias, podia esperar. Esperar era gostoso também, fazia parte do prazer de ler...
Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 07/03/2013
Alterado em 07/03/2013 |