Língua Portuguesa
São tantas palavras. São onomatopeias, aliterações, sinônimos fáceis e outros difíceis, a me confundir. Raízes, radicais, alguns raros, outros rudes, porém incisivos, decisivos. Vocábulos novos, antigos, pouco usados e outros abusados. Importados, também. Do grego, do latim, às vezes – sometimes - do inglês, mas que vieram do grego e do latim, mesmo assim. Palavras duras. Chocantes. Palavreado fácil, dissimulado a se contundir com outro difícil, retórico, sutil. Palavrório, palavreado.Termos às vezes incompreensíveis em termos de linguagem comum. É bom termos isso em mente, em bom termos.
Gosto das assibilações, assimiladas nos sussurros suaves do som do meu suspirar. Divirto-me com esses sons, sensatos, insensatos, sábios às vezes, às vezes insensíveis ao meu sentir, que ficam em suspensão, suspirando no ar...
Rebelo-me contra os rumores irritantes de erros gramaticais. São como ratos roedores pleonásticos, cheios de vício, que roem o ritmo e a rima de meu falar. Sempre a me consumir.
Existe a gíria que gira num doido girar vocabular. Dói nos ouvidos mas é fácil de falar, de provocar, de assimilar. Gíria nefasta, gíria popular. No estudar dos linguistas, garantido tem seu lugar.
Palavras que o Chico e o Gil controlam, manipulam, devastam, reconstroem, digestam, digitam, usurpam, sentem, ressentem num sincero sentir. E o Guimarães, então... Deflora a Rosa da linguagem e vai fertilizando as pétalas. Vai lá no fundo, na semente, no gens, no DNA. Clona, reclona. Recria, de suas almas, novas almas numa majestosa reencarnação. Recriador que aperfeiçoa a criação. Como num recreio, cheio de fetos sadios, que me custa crer, possa haver.
Palavras de todas as línguas. Lingua-mãe e outras que são apenas tias e filhas. Algumas são irmãs. Línguas doces e suaves vindo da latina, nossa querida mãe. Matriarca. Mas gosto mesmo, sou apaixonado, pelas palavras do meu português. Lingua gostosa, suave, às vezes devassa...Outras vezes, santificada por escritores mil. Tanta força, tanto som...Tantas notas e tons. Tantas sílabas tônicas. Átonas, para quando você está à toa. Parece uma canção, uma valsa, uma sinfonia, uma melodia, uma ópera tropical. Com certeza, por certo, sem sombra de dúvida, é sempre, falada ou escrita, uma música no ar!
Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 22/02/2013
Alterado em 22/02/2013 |