Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

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Flor selvagem
 
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A flor selvagem é de um amarelo forte com uns tons de vermelho. Distingue-se no meio das folhas verdes. Um raio de sol, esguio, escapa por entre as as copas das árvores e atinge em cheio suas pétalas. O amarelho brilha e o vermelho, forte, quase escorre por suas entranhas. Uma beleza agressiva no meio da paz da pequena floresta. Perto, um pássaro de peito igualmente fulvo vem pairando e pousa num galho próximo. Talvez tenha sido atraído pela beleza da flor. Talvez, por uns segundos,  tenha pensado que fosse um dos seus. Vistos de baixo, os dois se confundem, dois pontos coloridos agredindo o verde escuro.
Não muito longe dali, já na cidade, um rapaz sai para trabalhar. É madrugada, caminha rápido pelas ruas para não se atrasar. Como a ave, tem amarelo em seu peito: a camisa nova que a namorada lhe deu de presente. De repente, alguém surge à sua frente, quer sua carteira e seu relógio. Não pode, precisa daquele dinheiro, não quer perder a hora também. Ouve-se o tiro.
Uma mancha rubra aparece no louro do tecido. Bem no peito. Como no flor. Por trás do edifício, um traço de luz surge e ilumina a cena cruel. Só o pássaro não vem. Mas, como na floresta, visto do alto, é apenas um ponto colorido no meio do chão escuro.

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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 15/02/2013


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