Ainda uma vez, o fim do mundo
E naquele dia esperado, pasmem, o mundo acabou mesmo! Foi uma catástrofe. Ou como se dizia, parecia o fim do mundo! Vieram raios do céu, avalanches, terremotos, tsunamis, peste e tudo que você pode imaginar! Até a Internet fechou. Não havia comunicação de nenhum tipo: nem televisão, nem rádio, nem telefone e o pior de tudo, não havia nem Facebook para a gente saber como e onde andavam os amigos e todas as pessoas que a gente ama. Antes de a eletricidade e a eletrônica pararem de funcionar, os hackers invadiram tudo, acabaram com as contas bancárias, destruíram todos os dados financeiros e econômicos que havia no mundo, tudo, tudo. E alguns segundos antes de tudo sair do ar, ainda soltaram todas as bombas atômicas possíveis, para todos os lados e para todas as direções. Os únicos que não soltaram nada foram o Irã e a Coréia do Norte porque estavam numa outra rede que foi destruída antes de os outros serem destruídos. Houve peste, guerra biológica, tudo que você pode imaginar. Besteira, eles não conseguiram fazer nada pois a morte chegou antes do vírus global – genetica, artificialmente concebido – conseguir fazer tudo desaparecer...
Tudo? Não...Sobraram algumas coisas. As pessoas boas e sem malícia ficaram para semente. Todos meus amigos se salvaram também. Outros que não meus amigos, mas que poderiam ser, também sobraram. Alguns líderes também se salvaram. Políticos, alguns poucos. Claro, os bons. Enfim, foi um fim de mundo seletivo. Restaram as pessoas de boa vontade.
Sobraram poucos lugares habitáveis mas isso não era um problema porque agora havia pouca gente para habitar. Entre os lugares que foram preservados, havia algumas praias do Brasil. Por alguma razão, todos que sobraram, resolveram ir para lá. A notícia se espalhou de boca em boca. Agora, sem o Face e sem a Internet, as pessoas tinham de caminhar, ir até a casa do amigo, conversar e avisar que haveria uma grande reunião junto ao mar. Era o Ano Novo, só com gente boa, todo mundo sem dinheiro no bolso mas com uma vontade danada de abraçar, de bater papo e cantar...Não sei como conseguiram algumas garrafas de champanhe, pinga para a caipirinha e até limão. Acendemos fogueiras, fizemos churrasco, repartimos comida. Havia uma brisa no ar que estava levando todo o resto da radiação embora.
Claro, tudo isso foi um sonho. Eu sei que é incoerente, mas assim é que se sonha. Coerência só na vida real, que diabos, e olha lá! Além disso, o sonho é meu. Se você não gostar, pode sonhar do jeito que quiser, mas por favor me deixa vivo nele. Ainda tenho umas coisas para fazer, para consertar.
Outras crônicas e histórias: http://cronicasamericanas-englishlinks.blogspot.com/ Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 20/12/2012
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