Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

Textos

Uma Tragédia Americana


Virou quase coisa do dia a dia. Rambos modernos saem atirando em locais públicos, matando e ferindo pessoas. Antes era uma raridade, comovia o país, virava manchete durante todo o mês. Agora os tiroteios estão tão banalizados que, não demora muito, vão para as páginas internas dos jornais. Não pensem que são iguais aos nossos. A violência tupiniquim certamente tem raízes sociais, está ligada a diferenças de classe, problemas de educação, etc. Não que queira contar vantagem, porque nos dois casos não há vantagem nenhuma, só prejuízo. No entanto está claro que os tiroteios americanos com certeza têm outras raízes. É como se alguém tivesse aberto as portas de um grande hospício e os pacientes - aqueles mais furiosos – estivessem soltos por aí comprando armas pesadas, munição para depois começar a matança. Mas, espera aí, é permitido vender armas para loucos? Aparentemente sim. O direito de vender e comprá-las é sagrado, é algo com que não se brinca. 
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Nenhum político americano – mesmo aqueles que acham isso um absurdo – ousa propor alguma legislação de controle. Não estou falando de proibir a venda  de armas comuns (..que já são bem poderosas). Estamos falando de controlar armamento pesado e em grande quantidade para uma mesma pessoa. Estamos falando de limitar a quantidade de munição. Há pessoas que compram o suficiente para começar uma pequena revolução. O político que for contra isso terá sua carreira definitivamente encerrada. A verdade, nua e crua, é que nem seria necessária a ação ( e eles agem bastante...) da poderosa Associação Nacional de Rifles para manter o “status quo”. Na verdade, o próprio povo – em sua grande maioria – não quer ninguém mexendo neste assunto. Quando há uma matança, há choro, vigílias e tudo o mais, porém ninguém fala em fazer um movimento para prevenir este tipo de comércio. Em todos esses casos a compra do equipamento sempre foi absolutamente dentro da lei. Nenhum desses monstros – racistas de extrema direita, ex-funcionários revoltados, maridos enfurecidos ou simplesmente doentes mentais – precisou contrabandear ou usar o mercado paralelo para conseguir o que queria. Tudo feito legalmente. Parece mentira mas é do jeito que o povo quer e, como se diz, “a voz do povo é a voz de Deus”...Um momento, isto quer dizer que Deus é a favor das armas..? Não sei não, mas acho que há algo de estranho com esse ditado popular...
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 31/08/2012


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