Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

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Dois minutos e trinta e sete segundos
 
O final do século 22 estava se aproximando e a comunidade científica estava em total agitação. Depois de décadas sem grandes novidades, finalmente algo extraordinário havia sido descoberto. Ironicamente, por acaso. Há muito tempo as coisas não aconteciam “por acaso”: tudo era previsto, programado, até os resultados dos fantásticos projetos científicos da Confederação das Nações.
A Unidade Alemã de pesquisa científica havia anunciado a descoberta de uma espécie inusitada de “onda de partículas”.  O evento havia ocorrido no laboratório principal da unidade, mas não estava relacionado a nenhum dos projetos em andamento. Era como se alguém conhecesse o local e o tivesse escolhido para se manifestar. Do nada, formava-se um vácuo total no ar, do tamanho de uma bola de futebol, protegido por uma espécie de membrana azul transparente. De certa forma, eram para ali transportados “campos” com partículas completamente desconhecidas pelo mundo científico. E eles agiam de forma inteligente. Aconteciam regularmente a cada dois ou três dias, durante exatamente dois minutos e trinta e sete segundos. Nem um milésimo de segundo a mais ou a menos. Os poderosíssimos computadores quânticos podiam captar com certa facilidade aquela espécie de “mensagem.” Segundo sua análise, porém, eles não estavam transmitindo nada que um ser humano pudesse decifrar, embora estivesse óbvio que aquilo era manifestação de um ser inteligente. A única explicação era que seus “emissores” aparentemente estavam interessados em obter informações, ao invés de enviá-las.
A quantidade de dados – indecifráveis para humanos – era absurdamente grande e podia e estava sendo armazenada pela Inteligência Artificial do Laboratório. Talvez, ao final do processo, tudo fizesse sentido. Poderia ser um enorme quebra-cabeças que precisaria ser montado pelos cientistas. Algumas conclusões, entretanto, já podiam ser alcançadas da análise dos dados. Quem quer que estivesse enviando os dados era atemporal. Poderia estar no passado ou no futuro. Era até meio irônica esta conclusão, se fosse levado em conta o fato de que a duração era tão precisa: dois minutos e trinta e sete segundos. De acordo com os cálculos quânticos da IA, outra conclusão havia sido tirada. Aqueles campos não tinham uma origem específica. Podiam vir de qualquer parte do Universo, de outro Universo, e até de outra dimensão. E esta era a teoria mais provável.
Havia outra curiosidade que não tinha sido revelada para a população. Só os dirigentes da primeira linha do poder sabiam. Das cerca de 70 pessoas que assistiam a “manifestação” a cada dois ou três dias, toda vez, uma delas ficava inconsciente durante o período. Quem estivesse falando com ela ou estivesse a seu lado, não conseguia perceber. Só depois, alguém, sempre havia alguém, revelava a experiência. Ela não sabia o que havia ocorrido, não se lembrava de ter conversado, de ter falado alguma coisa. Lembrava-se coisas estranhíssimas que não conseguia explicar. Era como se as ondas o tivessem” sequestrado”. Muitos já haviam passado pela experiência e outros estavam ansiosos, como cientistas, para experimentarem aquela espécie de “arrebatamento”.  Um deles era o cientista Engsten. E ele não escondia de ninguém. Brincava que queria ter seus 2 minutos e 37 segundos de “nirvana”.
E ele teve. Como nenhum outro. Com ele foi diferente. Ao final do período, ele simplesmente desapareceu. Parecia uma mágica da Idade Média, mais do que uma ocorrência do futuro. E aquela foi a última vez que os “campos” se manifestaram. A quantidade de dados desta última experiência foi centenas de vezes maior que as outras. E, no final dos dados, a IA finalmente conseguiu capturar algo que dava para ser “traduzido”. “Eles” eram de uma dimensão desconhecida pelos homens e que nós não tínhamos componentes em nosso cérebro ou em nossas máquinas para entender. Aquele tempo todo eles estavam “testando” vários seres humanos, até que encontraram o que ou “quem” estavam procurando: o professor Engsten.
Para o público em geral foi explicado que os fenômenos haviam cessado. Ainda estavam procurando as causas. Provavelmente alguma consequência desconhecida dos avançadíssimos projetos da Unidade. Numa nota interna os que trabalhavam para a Unidade ficaram sabendo que Engsten, agora com 178 anos, resolvera se aposentar. Apenas alguns poucos com direito a informações especiais sabiam que ele tinha ido para outra dimensão. Ou talvez para o Nirvana...


 

 
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 13/01/2015
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