Flávio Cruz

Esse estranho mundo...

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Um carro cheio de luzinhas

Juan atravessou a fronteira e entrou nos Estados Unidos. Queria trabalhar e mandar dinheiro para a família. Seu primo Miguel acolheu-o em sua casa, conseguiu arrumar um emprego para ele. Trabalhou duro durante muito tempo. Finalmente tinha o suficiente para comprar um carro “moderno”, como ele dizia. Claro que era usado e tinha muitos anos de vida, mas isso é porque os americanos já faziam carros modernos há muito tempo. Tinha uma boa milhagem também, advertiu seu primo Miguel. Segundo ele, que olhou na internet e tudo mais, com aquelas milhas dava para o automóvel ir para a Lua. E já estaria voltando. Grande coisa, argumentou o Juan. O homem não tinha ido para a Lua também?
O mais bonito mesmo era que aquele carro tinha uma luzinha para cada coisa. Nem precisava de diagnóstico de mecânico nenhum. Além das luzes normais, que indicavam o nível do óleo, as setas, etc., ele tinha outras para problemas que você nem imagina: transmissão, breques, sensor disso, sensor daquilo, tração...Tudo que você possa imaginar. E todo dia uma luzinha acendia. Você sabe como é carro velho. E o Juan ia se virando. Coisa simples, ele mesmo consertava. Um pouco mais complicada, pedia para algum amigo mexicano. Quando não tinha jeito, ia até um mecânico conhecido. Só não dava para ir até uma oficina americana. O que eles cobravam por hora, ninguém aguentava pagar. Se ficasse lá o dia inteiro, nem vendendo o veículo, o dinheiro seria suficiente.
Após algum tempo, algumas luzinhas o Juan deixava de lado. Se era coisa que deixava o carro continuar rodando, ele não consertava. Era até bonito ver aqueles avisos todos lá, piscando. E cada dia havia uma luz nova, além das que já estavam acesas.
Um dia, de manhã, quando Juan ligou a chave do carro, todas as luzinhas se acenderam de uma vez. Se não fosse pelo susto, até que era bonito. O painel até parecia uma árvore de Natal. Assim mesmo, ele deu partida. O motor fez um barulho esquisito e depois parou. Todas aquelas luzes piscaram de novo, todas de uma vez, e depois se apagaram. Para sempre.

Foi uma tristeza. O valor do carro, do jeito que estava, mal dava para pagar o guincho que o levou embora. Mas que era um carro bonito e moderno, ah, isso ele era. E era cheio de luzinhas, o danado!

 
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Essa vida da gente
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 19/10/2014
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